Há 60 anos, uma mulher era eleita chefe de governo pela primeira vez

Sirima Bandaranaike se tornou primeira-ministra do Ceilão, atual Sri Lanka. No mundo, hoje, apenas 20 países são governados por mulheres.
Em 6 de agosto de 2000, a ex -primeira-ministra do Sri Lanka vota em sua cidade natal, Attanagalle, sob o olhar da filha, a presidenta do país, Chandrika Kumaratunga - Foto: AFP

Em 21 de julho de 1960, Sirima Bandaranaike se tornou a primeira mulher democraticamente eleita chefe de governo. Isso aconteceu no Ceilão, atual Sri Lanka. Nos anos seguintes, as mulheres foram derrubando numerosas barreiras na política, como mostra a cronologia a seguir:

 
1960: primeira chefe de governo

Sirima Bandaranaike chegou ao postode primeira-ministra no antigo Ceilão depois do marido, S.W.R.D. Bandaranaike, que ocupou o cargo até seu assassinato em 1959 por um monge budista. Sirima Bandaranaike pretendia continuar o trabalho do marido e foi chefe de Estado até 1965.

Voltou a ocupar o cargo de 1970 a 1977 e de 1994 a 2000, quando sua filha, Chandrika Kumaratunga, se tornou presidenta.

Sirimavo Bandaranaike, ex primeira-ministra e mãe da presidente do Sri Lanka, Chandrika Kumaratunga, em Colombo, capital do país - Foto: Gemunu Amarasinghe/AFP

Naquele momento, o posto de primeira-ministra era algo quase simbólico. Depois de Bandaranaike, Indira Gandhi se tornou primeira-ministra na Índia, em 1966. Filha de Jawahrlal Nehru, figura essencial da independência do país, ela ficou no cargo até 1977 e, posteriormente, de 1980 até seu assassinato em 1984.

 

Sirima Bandaranaike morreu em 10 de outubro de 2000, de ataque cardíaco, depois de votar nas eleições parlamentares do país.

 
1980: primeira presidenta eleita
 

Em 1980, a Islândia se tornou o primeiro país do mundo a eleger uma presidenta: Vigdis Finnbogadottir. Seis anos antes, Isabel Perón foi designada presidenta da Argentina após a morte do marido, Juan Domingo Perón, mas chegou ao cargo sem passar por eleições. Vigdis Finnbogadottir foi reeleita três vezes, até 1996, e não teve sequer opositores nos pleitos de 1984 e 1992. A presidência da Islândia é um cargo praticamente representativo, e Finnbogadottir se concentra em promover o país no exterior. Desde 2017, a Islândia tem também uma primeira-ministra: Katrín Jakobsdóttir.

 

Em 1994, a Suécia se tornou o primeiro país do mundo com um governo em que existe a paridade entre homens e mulheres. O primeiro-ministro social-democrata Ingvar Carlsson nomeou Mona Sahlin, vice primeira-ministra e encarregada da igualdade. Vinte anos depois, a Suécia rompeu uma nova barreira quando o governo se tornou o primeiro do mundo a se proclamar feminista e a colocar a igualdade de gênero no centro de suas prioridades. Posteriormente, os governos da Espanha e do Canadá seguiram os passos suecos em termos de paridade.

 
2008: primeiro parlamento majoritariamente feminino
 

No período em seguida ao genocídio da etnia Tutsi em Ruanda, que aconteceu em 1994, a população do país se viu majoritariamente formada por mulheres. Em 2003, elas conquistaram uma maior presença na vida política do país, com a nova Constituição, adotada a partir dessa data, que criou cotas indicando que ao menos “30% dos cargos (…) nas instâncias de tomada de decisões” devem ser das mulheres. Em 2008, Ruanda foi além e se converteu no primeiro país do mundo a ter um parlamento com maioria feminina. Em junho de 2020, dos 80 deputados do Parlamento, 49 são mulheres, ou seja, mais de 60%.

 
2015: Arábia Saudita, a última fronteira
 

Em 2015, a Arábia Saudita é o último país do mundo a conceder o direito de voto a suas cidadãs, 122 anos depois da Nova Zelândia, a primeira nação a fazê-lo, em 1893. A monarquia saudita segue uma versão muito rigorosa do Islã e é um dos países com mais restrições às mulheres.

 
Ainda há um longo caminho
 

Em junho de 2020, a Alemanha é o único país do G7 a ser dirigido por uma mulher, a chanceler Angela Merkel. Margaret Thatcher, no Reino Unido, foi a primeira, em 1979. Apesar desses dois exemplos, os líderes da maioria dos países considerados grandes potências seguem sendo homens. Estados Unidos, Rússia, China e Japão nunca foram dirigidos por uma mulher.

A chanceler alemã, Angela Merkel - Foto: Hannibal Hanschke/REUTERS/24-06-2020

A União Interparlamentar e a ONU Mulheres mediram, em 2019, que um ministro em cada cinco e um parlamentar em cada quatro são mulheres. Em junho de 2020, 20 países eram governados por uma presidenta, primeira-ministra ou chanceler.

Fonte – O Globo – Celina